Sempre me perguntei se os palhaços também choram. Não aquele choro de brincadeira, no meio de suas pilhérias e momices, mas choro de verdade, de gente grande, de gente crescida.
Crescem os palhaços? Envelhecem os palhaços? Ou seria apenas o palhaço um personagem, uma chance de apenas ser algo divertido?
Os palhaços possuem histórias ou apenas prefácio?
De qualquer forma, isso pouco me importa, eu acredito nos palhaços. Do jeito simples de serem complexamente perfeitos assim, como desde minha infância me foram apresentados. Para mim, os melhores personagens, o sublinhado da arte e da história.
Os palhaços não precisam de palco, nem de cenário, porque eles já são por si todo o espetáculo. Dêem-lhe o público e eles lhe darão a festa, a arte, a pura expressão do mais sensacional viver!Os palhaços não aceitam fórmulas prontas, forma acertada, com capítulos bem dispostos e cenas fixas. Seu público é o seu único flash.
Os palhaços não podem ser narrados, eles são seus próprios narradores. Digerem cenários e separam os capítulos construindo, assim, seus próprios cortes. Direcionam nossas vidas sem pedir licença, sem pressa, apenas com magia.
Vida de palhaço deve, acredito, deve ser assim, uma seqüência solta, leve, doce, puro flagrante de risadas, gargalhadas e sorrisos... e porque não suspiros? Uma narrativa perfeita para brindar o asfalto!
Os palhaços não são simples personagens, não são apenas fantoches, eles são o close da cena, a metáfora do riso, da alegria. E, ainda assim, acredite, não existe compromisso. Eles conquistam até onde reina a melancolia.
São os exemplares mais perfeito do prototípico mais fiel da unicidade mais íntima do ser mais humano. Adão devia ser palhaço antes de permitir-se comer a maça.
Os palhaços serão eternamente uma emergência lingüística. Até seu ridículo é cômico. São urgência nacional que, levados ao extremo, intimidam até mesmo os que não querem sorrir.
Se há câmeras, que pena! Elas podem até seguir os seus enormes passos, ou melhor, tentar seguir seus enormes passos. Mas não lhe peçam o foco, porque palhaço que é palhaço é comprometido com seu público e sua promessa é exatamente seguir sem foco!
Dêem ao palhaço um monologo, ele lhe entregará um grande dialogo, que cheio de vozes eclodirá em espetáculo!
Não há registro do destino dos palhaços e nem eles mesmo o registraram, a vida de palhaço não tem fim, não tem começo, são apenas o que não se pode ser mensurado: alma eterna da humanidade.
Se onde há riso há palhaço, acreditem, onde há palhaço haverá certamente um poeta encantado. Um homem enganado. Que nasceu e não pode resistir, sentiu a necessidade de travestir-se, porque sua alma pura e doce era grande demais frente as pequenices desta vida.
Não há palhaço que não seja um ser transcendental. Há poucos humanos com tamanha alma genial!Aos palhaços, meus aplausos. E também meus sinceros risos!
Sou sua fã...