A Francine participou do "Retiro de Carnaval" (2009), no Sítio de Parelheiros, em S. Paulo...
PALHAÇOTERAPIA
Primeiro retiro que dispara vontade de “se retirar” antes de acabar. Que faz rever o conceito de que gosta tanto de retiro que se pudesse, “retirava-se de vez”. Nunca pensou que pular corda pudesse fazer um paralelo tão doído e necessário sobre sua aparente facilidade de desistir no trabalho, entregar os pontos, largar mão, deixar a casa cair. E que professor que se vale da técnica “vai melhorar nem que seja aos trancos e barrancos” está “batendo” nos pensamentos derrotistas de que não consegue e em quem tem dificuldade. Também não poderia desconfiar que brincar com troca de figurino em cena, mudar o penteado pudesse ser tão revelador sobre como não fazer as pazes com o próprio feminino afasta o sonhado masculino parceiro, companheiro e acolhedor. E ainda faz estragos com a saúde. Nem de longe imaginou que massagear o quase atrofiado timo doesse a ponto e bater o pé no chão, chorar, mas terminasse conduzindo a um estado de não mente, esvaziamento, como a abençoada meditação. Não por acaso, é a região responsável pela intuição nos adultos. Nem achou que exercícios de improvisação, brincadeiras infantis, relembrar a fase pré “aborrescência”, atividades circenses, lidar ludicamente com a energia da fofoca, criar castigos para os colegas, comer equilibradamente e escolher as partes mais bonitas dos companheiros de jornada pudessem provocar risos e lágrimas, vencimento de medo, angústia, constrangimento, criar terapia em grupo, frio bom na barriga, mexer com a imaginação, provar do próprio veneno, vencer um bloqueio alimentar e criar intimidade tão rapidamente. Antes tarde do que mais tarde. Aos 45 do segundo tempo o parto de fórceps deu á luz uma palhaça rebelde, que sobe no palanque, se inflama, indigna, protesta, exagera e sempre foi motivo de riso entre amigos e familiares que adoravam provocar a tendência revoltada… Mais de 24 horas depois algo lhe dizia que havia um outro caminho, da palhaça repórter xereta. Demorou mas conseguiu sair do retiro de palhaço com a sensação boa da disposição para por em prática a capacidade de entrar num terreno emocional árido, mas não se apegar, passar por ele e sair para renascer. E como se não bastasse, a sensação de ter encontrado a turma espiritual que buscou sem querer querendo e a bênção de duas madrinhas xamânicas. E como canta a trilha do novo filme de Woody Allen Por qué, tanto perderse, tanto buscarse, sin encontrarse?
depoimento extraído do blog da Francine Brandão